sábado, 14 de fevereiro de 2009

Entrevista para a Revista Contemporânea

Caio Fábio responde


CONTEMPORÂNEA – Por que acreditar em Deus?

Caio Fábio – Por que como poderei crer em mim se não creio no Sentido de minha vida em Deus? Além disso, crer em Deus é crer na vida. E mais: crer em Deus é poder andar sob a maior força desta ou de qualquer existência: o poder da fé. Eu, todavia, só creio em Deus porque Ele creu em mim e a mim se revelou por pura Graça e bondade. Sem fé mesmo, o que existe em relação a Deus é a "crença vazia" em um Deus que, para o homem, existe apenas por uma questão de "normalidade social e psicológica"; mas, tal crença, não nos põe na cara de Deus mesmo.


CONTEMPORÂNEA – Nos EUA, na capital americana, recentemente, e na Inglaterra, existiram campanhas publicitárias de não crença em Deus. Para os ateus, um mundo sem qualquer tipo de religião é possível. A que você atribui essa descrença crescente no mundo?

Caio Fábio – Atribuo à loucura da religião. A religião, com seu "Deus" de guerras e divisões faz muito mal à humanidade. De fato, as pessoas que assim se portam em relação a Deus — lutando contra a idéia de Deus —, não fazem tal oposição a Deus mesmo, mas apenas à Sua representação, ao Seu "Retrato Falado" descrito equivocadamente pela religião, cujo Deus é apenas uma projeção dos valores morais do grupo religioso que diz representar a Deus na Terra. De fato, ironicamente, as três religiões monoteístas do mundo — o judaísmo, o cristianismo e o islamismo — estão acabando com o mundo e a Terra. Quem tem um mínimo de conhecimento histórico sabe do que eu estou falando.


CONTEMPORÂNEA – Que tipo de fé e concepção espiritual sobre Deus, você defendeu e defende nestes últimos 33 anos como pregador?

Caio Fábio – A mesma de Jesus, que disse: "Quem me vê a mim, esse vê o Pai!" Deus é a cara de Jesus. É meigo como Jesus. É amor como Jesus. É simples como Jesus. É amigo de pecadores como Jesus. É distante da religião como Jesus. Deus é Jesus e Jesus é Deus. Quem quiser saber como Deus é, olhe para Jesus, conforme os evangelhos O apresentam.


CONTEMPORÂNEA – No mundo moderno, segundo importantes centros de pesquisas, cerca de 98% da população mundial acredita em Deus. Mas, ainda assim, o fato em se de acreditar não eximiu o ser humano de praticar guerras, violência urbana, fome, drogas, injustiças sociais e econômicas. Por quê?

Caio Fábio – Porque o "Deus" do mundo é religioso. Ora, religião é política, é partido, é fenômeno humano e se alimenta de interesses humanos, tanto econômicos quanto políticos. O "Deus da religião" divide e faz guerra. Não dá para haver paz no mundo se o maior poder entre os homens, o de Deus, é visto como uma força ideológica que afirma uns e dana ao inferno os diferentes. O espírito religioso, quanto mais fundamentalista seja, mais diabólico o será na produção de guerras e divisões entre os homens.


CONTEMPORÂNEA – Até que ponto o Cristianismo da época de Jesus ao Cristianismo de hoje preserva sua essência original?

Caio Fábio – Jesus não fundou o Cristianismo. Ele não criou nada disso que aí está. O Cristianismo é uma criação do Império Romano cooptando a "Igreja" a fim de fortalecer o Império que se esfacelava aí pelo 4º Século. O mais foi feito em nome de Jesus, mas não tinha e não tem qualquer relação com o que Ele ensinou no Evangelho. Tudo isso é um grande estelionato!


CONTEMPORÂNEA – Qual é, afinal, a saída para possíveis distorções que o Cristianismo, na sua essência, sofreu nos últimos dois mil anos?

Caio Fábio – O Cristianismo não tem salvação. Não há promessas de Deus para a religião. Nos dias de Jesus os piores inimigos foram os fanáticos religiosos. Não foram os Romanos que mataram a Jesus. Foram os religiosos judeus que assim decidiram. Pilatos foi o mero executor. Jesus, portanto, nunca fez planos acerca de nenhuma religião. E ensinou que não se põe remendo de pano novo em vestes velhas. O Cristianismo, como fenômeno humano e religioso, não tem cura. Há milhões no Cristianismo que conhecem a Deus pessoalmente, mas isso nada tem a ver com o Cristianismo, mas apenas com a fé simples de tais pessoas na pessoa de Jesus. Por isto, não tenho sugestões a fazer ao Cristianismo.


CONTEMPORÂNEA – O crescimento da fé protestante no Brasil é uma realidade nas últimas décadas. Como você, um homem que conhece bem de perto este universo, vê tudo isso? O que existe de bom e de errado?

Caio Fábio – De bom? Ora, existem pessoinhas queridas conhecendo a Deus. De mal? De mal é a coisa toda! Vejo tudo isto como um inchaço sem alma e sem entendimento. A maioria dos "evangélicos" mais recentes são totalmente pagãos em suas crenças e em sua visão acerca de Deus.


CONTEMPORÂNEA – Qual sua opinião sobre pastores que abandonam a vida eclesiástica para militarem em outro campo, o político?

Caio Fábio – Em geral são uns oportunistas que nunca tiveram vocação pastoral mesmo. E quando obtiveram eleitores em quantidade suficiente, correram para o poder que sempre almejaram e invejaram. Vejo tudo como um descalabro, e, entre esses, conheço apenas um ou dois que não tenham se corrompido por completo.


CONTEMPORÂNEA – O que, exatamente, você chama de "graça divina", termo que, com freqüência, é usado por você onde quer que você pregue?

Caio Fábio – Graça significa "favor imerecido". A Graça é como Deus se relaciona com o homem. Sim! Não por méritos do homem, mas exclusivamente em razão de Deus ser amor.


CONTEMPORÂNEA – Qual o papel fundamental da Igreja Cristã no mundo, que vive obscurecido por inúmeros desafios, que vão desde gravíssimos problemas climáticos a crises financeiras?

Caio Fábio – A Igreja Cristã deveria apenas se converter ao Evangelho, esquecendo-se de si mesma, pois, a "Igreja Cristã" no Ocidente da Terra foi a maior promotora daquilo que hoje nos sufoca. Somente duvida disso quem não conhece a História.


CONTEMPORÂNEA – Como cristão, você é favor do uso de células tronco para o tratamento de doenças degenerativas, como, por exemplo, mal de Alzheimer?

Caio Fábio – Sim! Para tratamentos dessa natureza sou a favor. Mas sei que não ficará aí, e que, em algum tempo, o mundo do Dr. Frankenstein aparecerá, posto que o homem não consiga ficar sem realizar tudo o que possa em qualquer que seja o campo do saber. E, no caso da engenharia genética, o potencial para a loucura, mexendo nas entranhas da vida, é sem termo de comparação com qualquer outra forma de mal e de intervenção.


CONTEMPORÂNEA – Por que, apesar do espantoso reconhecimento no meio evangélico, você nunca se propôs a abrir uma igreja?

Caio Fábio – "Igreja" para os "evangélicos" é um prédio cheio de gente. Para mim, conforme os evangelhos, a Igreja é gente cheia de Deus. Ora, nesse sentido do Novo Testamento, não fiz e não faço outra coisa senão abrir igrejas nas almas humanas desde sempre.


CONTEMPORÂNEA – Qual sua visão sobre a Igreja protestante brasileira hoje?

Caio Fábio – Um ente do passado, sem significado no presente e sem projeto e proposta para o futuro.


CONTEMPORÂNEA – Por que no meio evangélico, haja vista a confissão de uma só fé, existe tantas denominações?

Caio Fábio – Porque entre os "evangélicos" existe tudo, menos uma só fé. Os "evangélicos" têm tantas "fés" quantos "pastores" e "apóstolos" existam. E cada um anda não conforme a fé, mas conforme o "nicho"; ou seja: conforme o que dá certo para reunir gente, poder, dinheiro e influencia. Entre os "evangélicos", se der certo não precisa estar certo.


CONTEMPORÂNEA – Hoje a busca espiritual em todo o mundo é uma coisa inegável. Entretanto, ao que parece, a idéia sobre religião e Deus são coisas distintas diante de tanta confissão de fé e tão pouco senso de humanismo no ser humano. Por que isto acontece?

Caio Fábio – Sim! A busca humana é cada vez mais por espiritualidade e menos por religião. Se for assim, ótimo; posto que o Evangelho não seja religião, mas caminho espiritual, vereda de espiritualidade no coração da vida.


CONTEMPORÂNEA – Existe, na sua opinião, alguma coisa de cunho espiritual na crise financeira mundial?

Caio Fábio – Tudo! Esta crise é filha do pecado, da ganância, do dinheiro virtual, da força agregadora da Grande Babilônia, que é o sistema que aí está.


CONTEMPORÂNEA– De modo paradoxal, na região do Oriente Médio, um lugar onde se professa o nome Deus ou Alá de forma tão veemente, as pessoas vivem em constantes conflitos e guerras. O que você, como cristão e pregador, pensa sobre isto?

Caio Fábio – Já disse. Lá existem religiões monoteístas, mas não Deus. Deus é amor. Onde há guerras, pode haver tudo, menos Deus.


CONTEMPORÂNEA – O que é o caminho da graça?

Caio Fábio – É um movimento simples de fé conforme tudo o que acima eu disse: algo que seja apenas evangelho e sem doutrinações de homens. O Caminho da Graça é um movimento de busca da experiência simples da fé em Jesus, e sem os dogmas perversos da religião. Para nós, se está no Evangelho nos serve. Se não está, nada queremos.


CONTEMPORÂNEA– Se você, digamos, encontrar um sujeito, e ele perguntar qual o motivo central para se tornar um discípulo de Jesus, você diria o que para ele?

Caio Fábio – Diria que ele foi feito por Deus e para Deus, e que o Evangelho é a única alternativa de vida aqui e além para quem deseja apenas ser de Deus sem complicações e sem ficar nas mãos de homens e de sistemas.


CONTEMPORÂNEA– Como, exatamente, Caio Fábio define Caio Fábio? (como cristão, pregador, ser humano, cidadão, escritor; escolha uma alternativa).

Caio Fábio – Sou apenas um homem que creu no Evangelho e que não tem duas caras e nem duas vidas; e a que tenho é toda para o Evangelho.


CONTEMPORÂNEA – Quem é Deus para o Caio Fábio?

Caio Fábio – Deus é amor, conforme em Jesus o amor se manifestou!


21 de janeiro de 2009 /Lago Norte/Brasília/DF

0 comentários:

About This Blog

About This Blog

Faça por merecer - A teologia do mérito - Parte 1/3

Faça por merecer - A teologia do mérito - Parte 2/3

Faça por merecer - A teologia do mérito - Parte 3/3

O Caminho da Graça para todos Parte 1/2

O Caminho da Graça para todos Parte 2/2

  © Blogger template Brooklyn by Ourblogtemplates.com 2008

Back to TOP