sábado, 27 de setembro de 2008

A religião do delírio

Muitas pessoas ficam escandalizadas com o que ouvem falar de mim, e principalmente com o que ouvem de mim mesmo. A maioria delas são amigos de igrejas pentecostais das quais já fiz parte.

Não tenho nenhum problema com o culto pentecostal. Continuo lembrando com saudades dos tempos da minha infância, da igrejinha do Caça e Pesca, bancos feitos de tronco de árvores e tijolos colocados na areia branca. Lembro-me dos cânticos que nos emocionavam não pela melodia, mas pela letra que em nós inspirava fé. Lembro das orações regadas com lágrimas. Lembro-me da alegria em viver em comunidade. Mas tudo isso foi na minha infância, antes de crescer e começar a ver para onde foi o povo que parecia apenas amar a Deus de todo coração.

Ao abrir meus olhos o que vi não carregava a simplicidade da fé dos meus tempos de infância. O que via e ouvia não fazia sentido a não ser para aqueles que mantinham o povo na ignorância. Eram gritos vazios. Eram ordens a um deus que eu desconhecia dadas por um homem que se mostrava senhor de deus. Os cultos agora eram ambientes de guerra, mas o que via era apenas derrota. Um povo cego seguindo um líder inescrupuloso. Minha alma enquanto permanecia nesses ambientes só adoecia.

Hoje vejo que esses ambientes que de tão distante do que era receberam um novo nome - neopentecostais - se tornaram ambientes de toda alucinação possível, onde todos acreditam na mentira pregada e negam a realidade. É um lugar de absoluta incredulidade disfarçado de ambiente de fé.

Todas as pessoas que conheço que vivem nestes ambientes se infantilizaram a ponto de acreditarem que podem domesticar a vida.
Lamento por essas pessoas quando a vida arruinar seu castelo de ilusões. As que não saírem extremamente feridas se tornarão cada vez mais cínicas.

Há poucos dias depois de pregar o Evangelho na Capela de um seminário, um professor me abordou e disse que se essa mensagem fosse pregada nas igrejas elas estariam mais vazias, mas com mais crentes. E é isso mesmo, as igrejas da loucura estão cheias porque ninguém quer encarar a vida, assumir responsabilidades, viver da fé, preferem a fé lotérica, a esperança dos tolos, a covardia dos incrédulos.

Oro para que ainda haja tempo para o resgate da mente de muitos. Oro para que a igreja tenha um batismo de lucidez para que enxerguem que este mundo pintado por eles não existe, exceto para os pastores-lobos que enriquecem a custa da ingenuidade e loucura de suas "ovelhas".

Ivo Fernandes - 23 de setembro de 2008
Estação Fortaleza

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